quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pai Rico, Pai Pobre, Leitor Paupérrimo



Tenho minhas ressalvas quanto ao Pai Rico, Pai Pobre. Apesar de muito bem escrito, ele foi baseado em UM exemplo. Muitos bilionários não tem consciência do que os fizeram ricos. Cria-se uma aura gloriosa em torno deles e eles acabam comprando o próprio mito, criando uma nuvem em torno do que os levou àquele caminho.
No caso do Donald Trump foi um que as lições tem que ser digeridas e aprendidas pensando bastante sobre as causas e os efeitos do sucesso dele.


Uma coisa a se prestar atenção nesse livro com "receitas" de sucesso de qualquer forma, são as coisas que o autor toma como óbvias. Por exemplo, a maioria dos livros de fazer dinheiro funciona à medida que você está fazendo alguma coisa para ficar rico. Os autores assumem como óbvio o fato de que você vai trabalhar duro para conseguir isso. A maioria desses autores não tem muito contato direto com o público, e quando tem, não gostam muito de tentar entrar na mente de quem está lendo seus livros, até para não contaminar suas mentalidades.

Uma das coisas que gosto no Anthony Robbins é o fato dele já ser adulto enquanto ainda estava num ponto em que não gostava, e depois ficou rico porque mudou suas mentalidades. Então ele naturalmente tem conhecimento de como funciona alguém que ainda tem as mentalidades pobres e tem os recursos para lidar com esse público.



Mesmo no Pai Rico, Pai Pobre, que tem esse tom de "o dinheiro trabalhar por você", o que parece muito mais como alguém sentado na praia olhando o home banking no notebook vendo a conta aumentar, se você olhar a história tanto dele quanto do amigo Mike, ambos trabalham bem duro pra conseguir chegar onde estão. O Kiyosaki como vendedor da Xerox, Marine, ambas profissões que com certeza tomam muito foco e dedicação para se concretizarem. Ele mesmo fala que o amigo Mike dele é mais rico ainda porque é mais obcecado em trabalhar.

Muita gente lê o Pai Rico, Pai Pobre e depois sai repetindo que tem que fazer o dinheiro trabalhar por ele, que ele não precisa trabalhar, o que é uma imensa falácia. A questão dos ativos versus passivo, é claro, é muito importante, e de importância fundamental pra se ter mais dinheiro do que dívidas. Mas foi feito uma pesquisa no IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), um departamento do governo brasileiro, e descobriu-se que ao contrário do que muito se pensa, a maioria do dinheiro dos ricos vem de salários, não de investimentos ou especulação.

O que é um pouco óbvio, devido ao fato de que para investir, é preciso primeiro ter dinheiro! Não basta ter uma idéia mirabolante, que tem grande possibilidade de dar certo, se não há meios financeiros de colocar isso em prática. E ninguém vai emprestar dinheiro a quem não tem nada. Por isso, se você não recebeu nenhuma herança milionária nem ganhou na megasena, vale muito mais a pena em começar com algum emprego, onde além do salário garantido, você tem acesso a conhecimento especializado e conhece pessoas, que podem orientar o seu caminho. Depois você abre o próprio negócio, ou abre em paralelo ao emprego que você já exerce.

Nos Estados Unidos, ficar sem trabalhar por um tempo para se dedicar a um sonho é tranquilo, mesmo os moradores de rua ganham bônus de 500 dólares todo mês. Mas no Brasil, se parar de trabalhar, afunda nas dívidas ou morre de fome.

Kiyosaki escrevendo seu primeiro livro.

Outro ponto que o autor desse post: http://www.produzindo.net/pai-rico-pai-pobre-ensinando-o-que-os-ricos-ensinam-aos-seus-filhos/ fala é a atenção às leis brasileiras, que são diferentes das americanas. Por isso, ter um excelente contador e um excelente advogado de confiança são fundamentais para se crescer em qualquer negócio. A legislação brasileira é complexa em muitos pontos. E não só isso, o desencontro das muitas regras e a maneira como as regras são feitas para atender apenas o governo torna difícil a um leigo ou mesmo a um empreendedor aplicado e estudioso saber em que terreno está pisando quando se trata da burocracia governamental. Conselho do Warren Buffet: "Se não conhece jóias, conheça o joalheiro.".


"As fotos? Essas são as pessoas mais importantes pra mim - 
minha esposa, meu contador e meu advogado."

Não tenho nada contra esse tipo de livro, tenho vários na minha estante, só tenho cuidado ao ler, para não seguir fielmente tudo que tem no livro só porque deu certo no caso específico do caso do autor. Gosto de ler todo tipo de literatura a esse respeito, mas principalmente ter a minha análise de como eu vejo que a coisa aconteceu.

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