Antigamente os rituais de iniciação à maturidade eram feitos nas tribos, sob experiências tortuosas, como os ritos indígenas em que se "matava" a criança e se nascia o adulto. Eram rituais dolorosos, mas tinham uma separação clara e direta, marcada por pinturas, maneirismos, exclusão de certos ritos entre o que era ser adulto e o que era ser criança.
Hoje isso não acontece mais se caçando um urso com a unha. Hoje existem outros rituais, apesar de incompletos, como se mudar pra outra cidade para fazer uma faculdade, o trote da faculdade, fazer um intercâmbio no exterior, servir ou ingressar nas forças armadas. A entrada num time. Ou organizações que fazem esse processo, como Maçonaria (com os Demolay), os Escoteiros, Bandeirantes, a religião.
Mas poucos desses processos são completos e/ou saudáveis ou mesmo são úteis para transformar o adolescente em um adulto e encarar as responsabilidades do dia-a-dia. Também em muitos faltam a separação clara entre os dois estágios. E ainda mais, e quando esse processo não acontece?
Quando esse processo não acontece, gera o que você vê em muitos casos:
- Homens de 40 anos que não saíram da casa da mãe.
- O costume que é comum agora, de jovens de até 30 anos dependerem dos pais, o que não ocorria nos anos 60 por exemplo, em que o jovem aos 18 anos já queria sair de casa.
- Tios pagando de garotões quando já velhos, querendo imitar a rebeldia e a jovialidade da galera mais nova.
E portanto adotam os traços que eles imaginam que os adultos usam. Roupas, jeitos de falar, maneiras de se portar. Geralmente imitando seus companheiros mais avançados de idade, o que acaba gerando uma versão caricata de um adulto.
Aos poucos o jovem vai aprendendo o que realmente daquilo tudo ele acha importante, e o que fazem disso os seus gostos pessoais, e vai descascando essa persona de adulto que ele adquiriu.
Esse processo se inicia com uma busca infindável sobre quem é você, o que você gosta, quais os seus hábitos, as suas crenças, as suas atitudes com relação à vida. Essas atitudes só podem ser medidas por observação e muitas vezes é diferente do auto-conceito que a pessoa tem. É preciso muitas vezes um observador externo para completar a imagem que o ser humano tem.
Muito desse processo se dá por pressão social. À medida que o jovem é obrigado ou se obriga a se inserir no mundo adulto, as pressões que você vai recebendo de colegas, amigos, conhecidos, clientes, ou simplesmente passantes, e principalmente a percepção que você vai fazendo dessas pressões, vai ditando a imagem interna de quem você é.
Mas isso não quer dizer que toda pressão vá moldar a pessoa na mesma direção em que ela é aplicada. Nem sempre quando alguém é criticado, a pessoa elimina o traço criticado. Muitas vezes a crítica serve como confirmação de quem se é e pode delinear ainda mais os traços criados.
Isso é especialmente verdade no caso de pessoas que lidam diretamente e constantemente com o público, e cujo trabalho é simplesmente uma expressão da sua personalidade, como músicos, políticos, artistas plásticos.
É através da expressão do seu fogo interno, lidando diariamente com as pressões que recebem do mundo externo, é que vão moldando o que acreditam ser sua identidade.
É quando você se apresenta ao mundo e diz: é assim que eu sou.
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